DOCE ROTINA

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Empoderamento feminino. Futebol. Política, ou algo do gênero
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Vai fazer unha, amor? Só depois que vc voltar do futebol.

Ela trai: vadia. Ele trai: comedor. E assim definimos os papéis da história mais vista nesta semana, a saga de Fabíola, a moça que foi fazer a unha no motel.

Não há quem não tenha recebido um vídeo, talvez dois, ou até três – considerando um mais picante e rasgado na trucagem -   narrando a celeuma dessa moça. Os vídeos viralizaram em horas e a fofoca correu à boca graúda. Sim, graúda! Porque miúda, meu bem, era quando esse tipo de estrago ficava restrito às calçadas de rua.

Quando vi o vídeo, confesso ter sentido um baita alívio em não ser Fabíola conhecida como Juliana. Imagina o tamanho da paciência em ter que ouvir piadinhas: foi fazer a unha, Juliana? Mas e se, ao invés de Juliana, Fabiola fosse chamada de João, qual seria a extensão do humor?

Eu não me lembro de ter recebido, em qualquer rede social, vídeos de homens em situações semelhantes e creio que cenas como essas devem pipocar aos montes por aí. Esse tipo de representação não é replicado nas redes, não com a mesma intensidade, pois qual seria a graça na exposição da virilidade masculina? Homem que trai é comedor, ué!  Por outro lado, a mulher tem a sua reputação dizimada quando expõe um comportamento sexual ativo. Mulher que trai é biscate, né? A narrativa do amigo do marido traído, promovido a “videomaker”, ilustra bem o caso: “Tanta piranha, Leo, sacanagem, Zé! ”

Estamos aprisionados em estereótipos de gêneros e os tratamos, ainda, de forma desigual. Precisamos construir novas formas de relacionamentos. A condição da mulher já é, sem trapalhadas, suficientemente miserável, pois se encontra subjugada aos apetites e paixões da nossa cultura patriarcal, precisamos piora-la? Precisamos... perguntem à Fabiola.

Tomas Hobbes, em Leviatã, pede ao indivíduo um exame de sua consciência: “conhece-te a ti mesmo”, pois estamos carregados de preconceitos e se tomarmos ciência de como somos, encontraremos meios de nos reconhecermos nos outros, e talvez, compreende-los.


A honra é a qualidade atribuída à alguém, então deixemos a cagada da Fabíola para os envolvidos: marido, amigo, amigo do amigo, mulher do amigo...enfim, para os que têm interesse em valorar essa falta de retidão. Eles já criaram seus próprios demônios, não os alimentemos ainda mais.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Amor, o único tom de Anastácia

Imagem retirada da internet

Anastácia é uma estudante bem comportada, meiga, romântica que nunca namorou. Grey é sedutor, bonitão, experiente e bilionário. A pedido de uma amiga, Ana foi entrevistá-lo para um trabalho de faculdade. Daí nasce uma atração incontrolável. O galã estabelece uma relação sexual sadomasoquista com a, até então, virgem mocinha. Essa seria a base de mais um romance do tipo "Sabrina", se não houvesse a representação pormenorizada de muito SEXO. Esse ingrediente transformou a trilogia de 50 Tons de Cinzas em um fenômeno de leitura, especialmente entre as mulheres.

Li o primeiro livro da série e, confesso, não consegui ir além. Comecei pela curiosidade, terminei pelo compromisso. De literatura pobre e pueril, o livro não passou de um Crepúsculo nível "hard". Mas confesso que romances não são as minhas principais escolhas e, meninas, a análise literária não é o mérito aqui.

Grey não é príncipe, é vilão. Sexo e submissão são fatores explorados pelo galã. Ana se envolve com ele porque acredita no amor. Grey se envolve com ela porque é doente. A  "anormalidade" sexual de Grey advém de uma infância traumática, com direito ao pacote mãe envolvida com cafetão e pedofilia - aos 15 anos o garoto envolveu-se com uma amiga de sua mãe que praticava o sadomasoquismo. Essa misturinha bombástica o transformaria em vítima, se ele não traspassasse a sua ira e frustração nas suas relações sexuais. Embora consensual, o ato atropela a inocência da mocinha que acredita que, submetendo-se às vontades dele, terá seu amor. Abstenho de me aprofundar em questões psicológicas - minha ignorância na área não permite -, mas acredito que não é a submissão que alcançará o amor deste "príncipe". Aliás, mulher alguma alcança o amor de alguém com subserviência. Amor se atrai com amor. Para os doentes, mesmo lindos e ricos, tratamento.

Nós, mulheres, fomos por séculos revestidas das regras de boas maneiras e ensinadas a assumir um comportamento virtuoso: incorporarmos o papel da mulher-mãe, as rainhas do lar, as que equilibram a sociedade transmitindo valores. Coube aos homens a multiplicação da espécie. Nossos corpos foram, por séculos, deles. Corpos tomados por empréstimo para multiplicar. Eles executam e discutem a forma, e a nós restou o tabu: não falamos sobre sexo; não contamos mentiras aumentando o nosso desempenho; não levantamos assuntos sexuais em mesas de bares; 

Por um momento, estamos falando de sexo. Não há como negar que o livro/filme ajudou a mudar esta ótica. É até bacana ver mulheres ostentando seus livros em pontos de ônibus, ou organizando caravanas femininas para assistirem ao filme. Mas ainda me incomoda nos vermos rotuladas como as inocentes que por amor tudo fazem. Que a ficção diminua o conceito que a vida real, infelizmente, transborda.

beijos meninas!





quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Evento do Impeachment, por que vou mesmo?

Reclamar em redes sociais tornou-se um hábito e se o motivo do protesto for a atual gestão presidencial vira até evento. As manifestações virtuais estão dominadas por  "curtir/compartilhar",   mas e se o papo transcender a esfera virtual e tomar as ruas, você saberá por que participou/apoiou?

Foi pensando no grande leque de amigos insatisfeitos que criei este "guia do impeachment". Um guia simples, para nortear a galera do "fora Dilma". Afinal, você não vai achar que a presidenta pode ser afastada só por conta do preço abusivo da gasolina, né?

Vamos ao guia:

1 - Quais são os motivos que permitem um impeachment? 

Crimes de responsabilidades em atos da presidenta que atentem contra a CF e contra:
a)  a existência da União (Chamar os gringos pra mandarem na casa);
b) o livre exercício dos poderes (o péssimo hábito (rs!) da presidenta de não enviar o orçamento do Judiciário para o Congresso, por ex.);
c) O exercício dos direitos políticos (mexer com o seu direito ao voto, embora vc viva reclamando de exercê-lo);
d) a segurança interna do País (tentar mudar por violência a forma de governo, por ex. Governo tipo Fidel e cia, só se todos quiserem);
e) a probidade na administração (administrar com irresponsabilidade, mas de forma dolosa - com intenção);
f) a lei orçamentaria (não apresentar a lei da grana no Congresso em tempo, ou, popularmente falando, usar o dinheiro do pastel na compra de um lingerie - contadores entenderão-, por ex.);
(art. 85, I a VII da CF/88)

O rol de conjecturas para afastar a "gatinha do Serrado" é extensa, basta escolher o que melhor se encaixa na sua indignação e o resto é com você.

2 - Quem e quantas pessoas podem denunciar os crimes?

Uma. Sim, apenas uma! Você, se for cidadão, é claro! É permitido a qualquer cidadão denunciar a presidenta perante a Câmara dos deputados. No caso, a pessoa precisa exercer a cidadania, ou seja, tem que ter título eleitoral regular. Viu? e você achando que inscrição eleitoral só serve pra perder o passeio no belo primeiro domingo de outubro dos anos pares... 
(art. 14 - Lei 1079/50)

3 - Depois da denuncia feita, o que ocorre?

Resumidamente: a denúncia é lida em sessão, é montada uma comissão especial que emite um parecer pela procedência, ou não e, se sim, será votada nominalmente no Plenário. (lei 1079/50)

A acusação só é admitida se obtiver 2/3 da Câmara (muito, né? Vejo votos de "protesto" esvaindo-se pelos ares neste momento, rs!), se o que você escolheu como denúncia for infração penal comum, cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar, mas se for crime contra a responsabilidade, cabe ao Senado Federal. Vale lembra-lo que, antes do julgamento, a presidenta será apenas afastada das suas atividades e que esse só restará em impeachment se proferido dentro de 180 dias do afastamento, caso contrário, ela ressurge feito Fênix. (art. 86 da CF/88) 

4 - Quem assume se ela vazar?

O vice, salvo se ele for parte da denúncia. Se o vice não estiver envolvido em nenhum dos casos citados, ele assume a presidência. Uma nova eleição só ocorre na vacância dos dois cargos e se, ainda, o período presidencial referir-se ao primeiro biênio. Se a vacância dupla ocorrer nos dois últimos anos da gestão, haverá eleição indireta, feita pelo Congresso Nacional - Deve ser daqui que surgem as ideias estapafúrdias de que o Aécio assumiria a presidência. (art. 81 da CF/88).

 É isso! Ah, você deve estar se perguntando se eu apoio o impeachment, e a resposta é não. Em primeiro e mais importante lugar, não apoio nada que contraria o Estado Democrático de direito. O voto é a ferramenta mais legítima para se protestar. O presidente torna-se eleito se obtém a maioria absoluta dos votos válidos, e se você está descontente apenas por não ter feito parte dessa maioria, você estará ajudando a enfraquecer a democracia. Passaram-se, apenas, 23 anos desde que o Collor foi "demitido", no meu fraco entendimento, não acho salutar a interferência na gestão, pois restaria provado que não sabemos usar o voto e não entendemos o que é democracia. Em segundo lugar, se a denúncia fosse legítima o afastamento poderia acontecer, mas o impeachment não, pois comprovar o dolo(intenção) em um processo de improbidade administrativo, sem provas irrefutáveis, é quase impossível e esse afastamento só abalaria ainda mais esse país. Enfim, prefiro que a, até hoje omissa , pseudodireita faça o dever a que lhe foi conferida: ATUE NA OPOSIÇÃO COM VEEMÊNCIA.

Resenha feita, espero que agora você não se limite a dizer que foi só "pela gasolina".

beijão!






segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

We are folia!

Folia? Segurem-se, a putaiada tá credenciada!

O carnaval é como um sistema: pequenas células se movimentam interconectadas, gerando, criando, divertindo. Eu o entendo como um criador de empregos, transbordador da alegria…agora, carnaval como conceito de liberdade, é exigir demais do coitado do feriado, não é não?

Uma mulher fruta(!) – dessas, cheias de carne –, disse antes de um desfile que, ao compor seu figurino com o menor tapa sexo(!) de todos os tempos, estava expressando o conceito da sua fantasia: liberdade. Ela, ainda, afirma que adora dançar pelada. A liberdade é a ausência de submissão, da servidão. É a independência do ser humano, não apenas física, mas comportamental.

Eu não condeno a festa do povo. Carnavais de outrora levavam as famílias às ruas. Era a hora de brincar num mundo que era sério demais. Parecia divertido, secundário. Hoje, é meta, é prioridade. Isto sim é importuno. A gente tem tudo pra fazer tudo certinho - como diz um amigo: tá super fácil, é só não babar que dá certo - , mas as pessoas abusam do álcool, banalizam o sexo, emporcam a cidade, mijam na rua…é como se quisessem repor o pecado perdoado, confessado na noite de natal (rs!). A moça da fruta, por exemplo, não vê a hora de mostrar (ou não) o seu nano tapa sexo, e aproveitar a deixa para se promover lançando mão de uma frase impactante. Fique pelada amiga fruta, mas fique quieta! Pelamor!

É carnaval. É folia. É alegria. É pausa brasileira de 5 dias, que dura o ano inteiro.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Minha Fênix, minha limpeza.

Última oportunidade de quebrar o casulo, ou eu expurgo a borboleta que você me vendeu.

Nas férias, além de dar uma pausa na rotina, procuro reencontrar amigos que, graças a era da informação, convivo nas redes sociais. A distância me aproximou deste meio digital. Uso-a para matar a saudade, expor as idéias, descarregar as emoções, lamentar, brigar…Uso também para conhecer ou, reconhecer, alguém que a vida não me deu (ainda) a oportunidade do contato físico. E é aí que o tsunami vira marola.

Nada mais decepcionante do que perceber que os temperos da inteligência, carisma, retórica, comunicação, presentes, nas redes sociais, em determinadas pessoas, não passam de uma bela canja insossa de hospital. Na internet, você acompanha a pessoa, se encanta com seus comentários. Boas expectativas crescem a cada novo “post”, e a idéia do encontrar, quase que extrapola a agenda lotada. Pimba! A conversão do virtual para o real transforma-se num grande engano. A timidez toma conta, embalada por um longo silêncio. E lá vou eu, falar, e falar, e falar, emendando um assunto no outro, para evitar as constrangedoras lacunas. Isso sem falar naqueles que, ao te ver na rua, nem te cumprimentam…

Eu ainda gosto de gente. De tocar gente. De apreciar gente. Se essa “gente” é virtual, então não é gente. Gente é o conjunto: a carne, o osso, as idéias, os sentimentos, a moral. Separados, esses elementos não tem propriedade, não formam o melhor.

Para 2012, copiando a idéia inicial do fundador da rede social mais badalada, Mark Zuckerberg, - ou copiando o que ele copiou, como queiram – montarei a minha própria Fênix. Critério? O real precisa se aproximar, pelo menos, 80% do virtual. Adeus àqueles que não atenderem. Fica combinado assim: a gente não se ilude, ou melhor, você não se engana. Considerando, é claro, que poderemos começar do zero, dando-nos uma nova chance de nos conhecermos. Prazer: Meu nome é Juliana e sou uma chata mulher doce incisiva delicadamente grossa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Pão e circo?

O futebol é a válvula de escape de uma cisterna cheia de merda…
Qual a motivação de quem vive de futebol? Qual o fator ensejador dessa paixão? Por que, entre tantos assuntos, ele é comentado com tamanha primazia? O mais popular dos esportes brasileiro abraça, sem esforços, pobres e ricos, analfabetos e letrados…a diversão acontece no condão de uma bola. Mas ele não só distrai, ele vira assunto, vira paixão…
Estima-se que, no Brasil, 32% da população com renda média de dois salários mínimos vive nas periferias, cuja jornada de trabalho atinge 33,33% do tempo, o deslocamento para o trabalho outros 16,66% – em média 4 horas, entre ida e volta – restando 50,01% do dia para dormir, comer, lazer… neste cálculo não categórico, é possível supor que, a vida do brasileiro menos provido de recursos, vulgo pobre, consiste em trabalhar para sobreviver.
Deixemos os chatos números de lado e vamos ao velho e bom exercício de nos colocarmos no lugar do outro…A política do pão e circo, que afeta diretamente o emprego da democracia neste país, afugenta o influenciável, inclinando-o a decisões manipuladas pela troca e, em muitas situações, desviando o foco do relevante. Mas o que é essencial para quem não tem acesso a espaços e benefícios sociais diversos? O que importa, se o que mais importa é existir?
O Brasil de ontem, que nos deixou uma população de resistentes reativos, é atropelado por uma geração de brasileiros informados, porém afobados. Essa nova “linhagem” de instruídos não é capaz de entender a dificuldade em se construir mudanças, não inclui os que destoam (pobres, menos instruídos) e, quando muito perturbados – ou ociosos na espera de um novo modelo de videogame, como queiram –, organizam passeatas em redes sociais que, infelizmente, não passam de sucessos virtuais…talvez isso ocorra devido a falta de contato com a massa…Para se chegar no povo, é necessário estar povo. Sócrates – sim, o jogador – fez isso, atingiu a célula, entrando no núcleo.
Ah, o futebol, coisa vã, fútil, que se esvai…Ah, o futebol, coisa que forma o espírito, que acalenta e esvazia a cisterna…

sábado, 2 de julho de 2011

O escolhido

Todo mundo tem o direito de ser amado incondicionalmente.

A discussão sobre o casamento de homossexuais trouxe à tona um preconceito adormecido: a homofobia. O inquieto convívio com os diferentes – do ponto de vista dos “pseudo” comuns – tem gerado manifestações impetuosas, fundamentadas no absurdo incômodo de avistar os carinhos trocados por aqueles do mesmo sexo.

Por mais que cause estranheza a alguns – ou muitos – as escolhas devem ser respeitadas. O livre arbítrio é um pilar que deve ser sustentado. Se o caminho é correto, ou não, o que se trouxe à baila terá seu retorno. E isso basta! As omissões serão preenchidas, os excessos cortados. O amor não é desigual. Não se perturba. Não se altera.

Contudo, o que me causa maior descontentamento é ver que alguns não toleram a adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Acham que opção sexual é como gripe: é viral. Preferem crianças esquecidas em orfanatos, desprovidas de carinho, ao amparo daqueles que possuem amor em demasia. Um pensamento edificado na disposição egoísta daqueles que só sentem se enxergam. Ignoram-se  crianças crescendo à margem da sociedade e repudiam-se esses futuros marginais. Simples assim.

Não posso partilhar de uma idéia tão tola. Dói saber que o preconceito é capaz de prejudicar o refúgio dos indefesos. Se tem alguém que tenha amor de sobra pra doar. Que deixem doar! Todo mundo tem direito de ter alguém que o considere o mais importante. O mais especial. O único. Que morra e mate por ti. O direito de ser escolhido por Deus para viver ao lado de quem fez qualquer escolha.